Por que devo aprender urodinâmica mesmo não sendo urodinamicista?

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Por que devo aprender urodinâmica mesmo não sendo urodinamicista?

Aprender Urodinâmica: Alguns urologistas, ginecologistas, fisioterapeutas e enfermeiros envolvidos na avaliação e tratamento de pacientes com incontinência urinária e outros distúrbios miccionais acreditam que não necessitam ter boas noções de urodinâmica. Por não realizarem o exame urodinâmico, não vêm vantagem em aprofundar-se no seu conhecimento. Acredito que estejam enganados e perdendo grande oportunidade de aperfeiçoar-se no conhecimento das disfunções miccionais e de melhorar o cuidado que oferecem a seus pacientes. Aqui vão 3 fortes razões para voce aprender urodinâmica:

QUEM CONHECE URODINÂMICA TEM MELHOR CONHECIMENTO DAS DISFUNÇÕES MICCIONAIS:

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A urodinâmica consiste na avaliação da fisiologia e fisiopatologia das disfunções do trato urinário inferior. Conhecer urodinâmica significa entender o comportamento normal vesical e esfincteriano e conhecer as alterações patológicas que podem acometer o trato urinário. Não é possível entender razoavelmente os traçados de exames urodinâmicos e as implicações dos resultados do exame urodinâmico para o diagnóstico e tratamento dos pacientes sem ter um bom conhecimento da fisiologia da micção e da fisiopatologia dos distúrbios miccionais. Quem conhece urodinâmica, tem maior capacidade de fazer diagnósticos clínicos, entender a diferença entre casos simples e complexos de condições como incontinência urinária de esforço, incontinência mista, bexiga neurogênica e obstrução infravesical. Possui uma melhor compreensão sobre a indicação e potenciais resultados dos tratamentos fisioterápicos, farmacológicos e cirúrgicos e sabe conversar com maior clareza com os pacientes sobre seu problema e as alternativas de tratamento.

 

GRANDE PARTE DOS EXAMES QUE RECEBEMOS DE OUTROS COLEGAS SÃO DE MÁ QUALIDADE:

Muitos exames que recebemos de outros colegas são de baixa qualidade. Quem tem conhecimento de urodinâmica muitas vezes fica assustado com a quantidade de exames mal feitos, com artefatos e traçados impossíveis de serem interpretados e diagnósticos errados ou duvidosos. Eu diria que encontro problemas nos exames que recebo de colegas em ao menos 50% dos casos. Se você não tem um conhecimento básico do exame, é incapaz de identificar os exames mal feitos e fica completamente à mercê da opinião de outros (muitas vezes errada) para tomar decisões sobre o tratamento de seus pacientes. Você operaria um cálculo ou um tumor de rim de um paciente se não pudesse comprovar o diagnóstico avaliando a imagem e as características do cálculo (local, tamanho etc)? Também não é recomendado que decida o tratamento de seu paciente com um problema do trato urinário se não for capaz de comprovar o diagnóstico, notadamente nos casos mais complexos.

Como melhorar suas competências em Urodinâmica

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Como melhorar suas competências em Urodinâmica

Competências em Urodinâmica. A função do trato urinário é armazenar e liberar urina. A preservação do trato urinário superior (rins) e a continência urinária são resultados da integridade do sistema nervoso central e periférico e das características anatômicas das estruturas envolvidas. Considerando estes aspectos, uma variedade de problemas e condições podem interferir nessas funções básicas. O exame urodinâmico é composto por vários testes que, individualmente ou coletivamente, pode ser usado para se obter informações sobre a função do trato urinário.

Nas últimas décadas avanços ocorreram nos softwares dos equipamentos e principalmente na prática urodinâmica com constantes atualizações das terminologias do trato urinário, dos termos urodinâmicos e da boa prática.

Para os profissionais que fazem urodinâmica (urodinamicistas) ou aqueles que recebem e/ou dependem do resultado para guiar o processo decisório seja ele tratamento clínico, fisioterapia ou mesmo uma intervenção cirúrgica, considero alguns aspectos importantes para melhorar suas competências em urodinâmica:

1 – Uma boa história clínica

Quando pensar em fazer a urodinâmica, não esquecer que o exame é apenas uma parte na investigação do paciente. Portanto, quanto mais informações sobre o paciente, os sintomas do trato urinário, diário miccional e os exames complementares maior será a probabilidade de obter uma resposta para o quadro.

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2 – Qual é a pergunta a ser respondida pela urodinâmica?

Antes de partir para o exame, a pergunta a ser respondida deve ser elaborada. Os testes devem ser realizados para respondê-la. Após a pergunta definida, aliada a uma história clínica detalhada, recomendo elencar algumas hipóteses diagnósticas. No entanto, lembre-se sempre da famosa frase de Bates (1960): “The bladder is an ureliable witness” quando encontrar condição distinta das elaboradas previamente.

 

3 – Durante o exame, fundamental interagir com o paciente

Um bom exame começa com uma boa orientação do paciente. Antes da urodinâmica, o paciente deve ser informado exatamente o que se espera, e quais os testes serão realizados. A comunicação e a interação com o paciente devem ocorrer durante todo o exame. Avaliação da sensibilidade, testes de esforço, manobras provocativas, etc são exemplos dessa interação contínua.

 

4 – Observar as diretrizes da ICS

O exame padrão deve seguir as diretrizes da International Continence Society (ICS). Para você urodinamicista, procure estar atualizado com as padronizações atuais (ICS Standards). Para você que pede ou recebe o laudo, sugiro estar atento à qualidade do exame recebido. Procure dar preferência aos colegas que se dedicam com seriedade à realização do exame.

 

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5 – Interpretar os gráficos no contexto clínico

Dado registrado é objetivo, mas interpretação não. O que quer dizer esse princípio urodinâmico?  Que nem toda anormalidade é clinicamente significante. Ansiedade, dificuldade de o paciente entender os comandos como, por exemplo, inibir a micção na fase de cistometria o que pode ser confundido com hiperatividade detrusora. Outro exemplo é o achado de incontinência urinária de esforço numa paciente sem tal queixa.

 

6 – O diagnóstico (laudo) do exame faz sentido?

Três situações podem ocorrer:

– Exame normal: o que não significa que o paciente não tenha alteração. Lembre-se, ausência de alteração não exclui existência. O urodinamicista experiente sabe que nem sempre é possível reproduzir os sintomas.

– Hipótese diagnóstica confirmada: neste cenário, a sua hipótese baseada na história clínica se confirmou, deixando você a vontade para laudar ou instituir medidas de tratamento.

– Hipótese diagnóstica não confirmada: Aqui temos duas situações distintas. A primeira é que, mesmo não confirmando a hipótese, o diagnóstico tem sentido à luz dos sintomas do paciente (exemplo quadro de perdas urinárias aos pequenos esforços, porém o exame demonstra bexiga hipoativa e retenção causando transbordamento). A segunda é o diagnóstico sem qualquer relação com o quadro clínico. Neste caso, reavalie o gráfico, a boa prática do exame e se tal achado deve ser relatado no laudo. Algumas vezes o exame deve ser repetido.

A Importância em aderir as boas práticas de urodinâmica

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A Importância em aderir as boas práticas de urodinâmica

Boas Práticas de Urodinâmica! Quando não existe padronização de processos, cada um faz do seu jeito. Não existe uma forma recomendada para executar as tarefas, o que torna a interpretação e comunicação a respeito de determinado assunto tarefas muito árduas. A padronização é muito importante, pois fornece diretrizes para a melhor forma de executar determinada ação. Padronizar ajuda na reprodução do resultado, com todos fazendo da mesma forma. Assim, é possível gerar achados comparáveis.

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As boas práticas em urodinâmica são diretrizes, que se baseiam em publicações científicas e tem o objetivo de padronizar a execução e interpretação dos traçados urodinâmicos. Essas orientações envolvem os mais diversos aspectos em torno do estudo urodinâmico. Questões ligadas às especificações e calibração dos equipamentos, velocidade e tipo  do líquido infundido, calibre dos cateteres, ambientação, posição do paciente para realização do exame, checagem de parâmetros, formas apropriadas de conduzir o estudo, interpretação das variáveis e terminologia empregada.

Muitas condutas em disfunções miccionais são tomadas a partir do resultado de um estudo urodinâmico. Dessa forma, torna-se importante que os profissionais que utilizam a urodinâmica como ferramenta de trabalho, seja na sua execução ou interpretação, tenham um bom conhecimento e compreensão das boas práticas a fim de obter resultados comparáveis e permitir que condutas corretas sejam tomadas.

Os Cursos do Instituto Insigne prezam belas boas práticas em urodinâmica. Eles trazem o rigor das normatizações associado à experiência de profissionais altamente envolvidos na área para que você obtenha as competências necessárias para interpretação e realização do estudo urodinâmico com a máximo nível de qualidade.